quinta-feira, 30 de junho de 2011

Conheça Unaí




Incrustado no noroeste de Minas Gerais, ocupando uma área maior que a de muitas metrópoles brasileiras, cortado pelo caudaloso (ainda denso) Rio Preto, uma cidade de belas grutas, pedras, serras, fauna e flora riquíssimos do cerrado, uma variedade de belezas raras que devem ser preservadas e aproveitadas pelos moradores e turistas que por aqui se aventurarem.

Segundo dados do IBGE com 78125 habitantes em um crescimento populacional visível, a cidade se projeta em edifícios num crescimento vertical que dá medo. A cidade é divida em bairros e as ruas possuem nomes variados desde os tradicionais defuntos célebres a nomes de frutas e países. É uma cidade cercada por serras e se torna ainda mais quente quando se ergue o concreto e cortam as árvores

Politicamente falando é uma cidade que sofre muito nas mãos de aproveitadores que travam o desenvolvimento total de Unaí em benefício de interesses particulares. Com diferenças sociais gritantes e concentração de renda nas mãos de minorias despreocupadas com questões sociais, sobrevivemos, mas ainda não sabemos o conceito do que é viver. Não temos políticos sérios, honestos e inteligentes, quando são honestos infelizmente são ignorantes marionetes conservadores levados pelas cordas dos monstros individualistas que possuem o capital financeiro e intelectual.
Mais informações sobre Unaí em : IBGE

domingo, 5 de junho de 2011

Cantículos unaiensis

I

A chamam Princesinha do Noroeste,
Sim e eu concordo que és princesa
Do meu Saara e do meu Evereste
A governante esplendorosa Alteza.

Reconheço que não és metrópole
Graças a Deus tens ruas, esquinas,
Madrugadas tranquilas e meninas
Que raras vezes me dão um mole,

Tens igrejas pequenas, ignorantes,
Calçadas de pequenos praticantes
Da arte da fofoca sempre em dia:
Você sabe a filha de Dona Maria?

Tens torresmo, pelota, folia de reis,
Tens gruta, grota, pedra e o cerrado
Que digo com alegria a todos vocês
É lindo de sentir, tocar e ser tocado.

Tuas cagaitas verdes ou suculentas,
Teus cajuzinhos de cor alaranjada,
Manga de vez, araticum, mangaba
E a lobera que o lobo se alimenta.

Paredões de rochas sedimentares
Onde há tempos os antepassados
Fizeram riscos desenhos seculares
Em honraria aos deuses sagrados.

Tuas belezas são tão inumeráveis
Quantos são os que não as veem,
Acredito e creio que bem creem
Que somos produtos descartáveis.

És cativa e acolhedora à bagagem
Dos que por aqui se desembocam,
Porém estes vão sempre à margem
E com a cidade pouco se importam.

És enorme, rica e muito atrasada,
És ingênua, princesa enfeitiçada
Que precisa acordar para o trono
Pois agora senta ali um vil tirano.

Acorda te, toma teu cetro e coroa,
Teu povo aguarda te na tua praça,
Venha discursar com nobre graça
E nos aclamar com as novas boas.

II

Sim, eu concordo
Unaí e seu sorriso mimado
Caprichosa no despertar
Brincos cabelos cacheados
E um vestido combinando com o colar
Singela pudica e rendeira
És lavadora e costureira
Tens praças e tens espaços
Andas sempre a puxar papo
Com os homens de teu reino
Às vezes fala e arrepende
Às vezes mata e surpreende
És talvez Cleópatra, ninfomaníaca
Perdida no teu deserto de desterro.

III

Anuncias teus enterros
Vossos erros encobertos pelo piche
Falta te sabedoria
Sobra te tirania
Teus olhos estão vendados
Um crime de lesa majestade
De tempo em quando...

IV

Lembro de um passado
Em que teu rio era claro
Despoluído, podia pescar
Bagre, surubi e curimatá.
Isto faz muito tempo já
Hoje o rio é denso e sujo
Barrento e mais pesado
Que um mingau de barro
Cujo tempo raleou no mar.
Teus peixes morreram
Sufocados pelos dejetos
Dos côndominos do lado
O mato, insetos, vetores
E um mal já aguardado.
Tuas margens ciliares
Pela cobiça foi destruída
Casas de luxo ribeirinhas
Com garagem e piscina
Sucumbiu a Gameleira
Coitada morreu sozinha
Teus braços poluídos
Sem mar pra desembocar
Mágoas que já o calam
Derramam sob suas águas
Lágrimas que vão secá-lo.
Alí naquele rio sem calmaria
Que às vezes secava
Que às vezes enchia
Quando tinha enchente brava
Brincávamos nus no balanço
Riscados pela poeira
A graminha, nosso descanço
Simples, feliz brincadeira.
Um por um ia pra casa
Quando a fome apertava
Mãe sempre brigava
E riscava me o braço
O risco alcaguetava
Que nadei, o cansaço
concluia que eu nadara.

V

Um feixo fino de água
Um filete eu diria
De nascente limpa, doce
Foi-se em covardia
Suas algas marinhas
Morreram, se havia...
Seus cágados coitados
Foram encimentados
No concreto sólido
Da indiferença
De nosso ser insólito
Ele fedia sem dó
Tratavam-no fossa
Insetos atraía
Mas não há mal pior
Que a covardia
De misturar o pó
Em sua água fria
E calcificá-lo.
Não eram tartarugas
Mas clamavam por ajuda
De quem fosse, IBAMA
Ou qualquer ambiente
Que lhe dessem meios
Para estarem ainda vivos
Eram cágados nativos
Irmãos de nós mesmos
Não eram pedras no caminho
Dos nossos desejos.

Hoje por ali caminham
Fazem seus “cooper”
Especulam e embriagam
No lodo de seus anseios
Os veios por onde correm
Água limpa agora podre
O concreto desalmado
Como podem acimentá-lo
Concordam com o fim
Permanecem calados
Ao verem nosso Corguim
Com os dias contados
Tumultos ambientais
Consciência de preservação
Não, esses animais
Nem deram atenção
Depois sou eu o louco
Desvairado, e eles não.
São homens sábios...

VI

Gentil bela espelhada
De uma água amarela
Deságua sobre a janela
Uma paisagem amada.


VII

Vértices
Verticais
Nas ruas
Vejo duas
Vezes eu
Eu menor
E onírico
E esse eu
Enorme e
Metafísico.
Um de mim
Ama a Unaí
O que sonha
Com alegria
O que pensa
Esse coitado
Analisa o vão
Que existe
Entre a ignorância
E a cobiça...

VIII

Vão sempre de terninho
Entregar menção honrosa
Título de cidadão honorário
Pra algum otário prosa
Mensalão, linho, cueca ou meia
Filantropia é omissão
Assistencialismo é danação
São covardes eleitos
Que não respeitam
O cidadão, nós
Comissões comissionadas
Situação majoritária
E uma oposição apática
Na prática a vereança
Só enche lhes a pança
Estão interessados
Nas prerrogativas do cargo
E em mais nada...

IX

Um novo horizonte
Uma cidade nova
Sem favelas
Sem vielas
Orgulhoso
Sempre de peito estufado
Cabeça erguida
Gingando pro lado
Na descida
Pro trabalho
X

Amo-te e teus defeitos
Amo os por obrigação
Pois são tão perfeitos
Que me atraem opção

Amo teus assassinos
Covardes, inocentes
Amo teus meninos
Drogados e doentes

Amo teus travestis
E teus camioneiros
Amo teus frenesis
E os teus temperos

Amo a tudo em ti
Teu calor intenso
Teu valor imenso
Teu nome: Unaí.

XI

Vamos ouvir nossas mães:
Medrar o orgulho mais vago
Que nos tornara medíocres.

XII

Acorda te deste encantamento
Teu povo chora de tanto penar
Nosso rei ensandeceu o tempo
E só nos resta teu despertar

Prove nos que és mais rainha
Que princesa delicada e bela
E que mudarás linha por linha
A tal história da boba Cinderela.

Não esperes que venha num alazão
Mais um príncipe encantado
Mais um falso que a deixará na mão
E roubará parte do reinado.

Não confies em alianças e interesses
Desses Condes bastardos
Pois vós sabeis bem que são esses
Nossos inimigos declarados.

Não aceite ao acordares do veneno
Bajulações de plutocratas
Eles têm o pensamento do extremo
E dão as próprias cartas.

Acorda que te abandonaram nesta fábula
Faça alguma magia, encontre um sapo
Que lhe possa retirar tal mácula
E levantar te deste trapo.

Não dê ouvidos aos narradores
Modifique tua história
És rainha e senhora
Nós, os teus atores
Chamamos vitórias
Clamamos valores
Por dias de glórias.